A história da Maiorga é  longa e rica em factos. Desde vestígios do fim do Neolítico, passando pelas “marcas” cistercienses, até aos nossos dias.

Esta povoação fazia parte da antiga Lagoa da Pederneira, que se reflecte ainda na paisagem actual através dos seus férteis campos agrícolas.

Era uma importante via que ligava Alcobaça a Leiria tendo por isso uma pousada que acolhia os viandantes.

Ao que se sabe é de origem romana, tendo sido uma das vilas mais importantes dos coutos de Alcobaça, provavelmente a maior que marginava a antiga Lagoa da Pederneira, daí  o nome, primeiro Maiorca ( em latim,  a maior ) e mais tarde MAIORGA.

Recebeu a 1ª carta de povoação em 1303 e com ela alguns casais com vista à povoação e com o objectivo de constituir uma vila, tendo obtido o primeiro foral em 1352 que lhe foi dado por D. Frei Pedro Nunes, abade de Alcobaça.

Em 23/8/1514 D. Manuel I deu-lhe novo foral, data em que foi construído o Pelourinho de influência gótica, que ainda hoje se encontra no largo principal ao qual dá o nome.

A Maiorga foi coutada celebre e o maior celeiro dos Frades, estando subjugada ao poder do Mosteiro, mas as relações nem sempre foram pacíficas, pois frequentemente os habitantes se recusavam a pagar a dízima e os foros.

Teve uma escola agrícola  de grande importância para os coutos que funcionou na Granja, entre os sec. XIII e XVII, tendo entrado em decadência devido a más relações entre os Abádes, Frades e Colonos.

Os moradores fizeram progredir economicamente a Vila da Maiorga que, no seu período aureo teve a sua administração pública confiada à Casa da Câmara, a dois Juízes Ordinários, dois Vereadores, um Procurador do concelho e dois Escrivães. Ainda hoje existem vestigios destas estruturas administrativas, nomeadamente o Pelourinho e a antiga prisão.

Nos finais do sec. XVIII  e uma vez que já se tinha dado o recuo das águas da Lagoa da Pederneira se fez o enxugo dos campos que ficaram muito férteis o que veio trazer grande riqueza à população desenvolvendo em muito a agricultura.
Este enxugo foi feito através da abertura de  canais, um sistema ainda hoje digno de ser apreciado e sobretudo estudado.

A vila da Maiorga e as suas freguesias, após as vicissitudes sofridas com a exploração dos Abades Comendatários (1475/1641) voltaram a crescer nos séculos XVII / XIX, até à extinção das Ordens Religiosas e a supressão do Município e do Concelho da Maiorga ( 1837 a 1842) devido à reorganização administrativa do território.

Cerca de 1537, aproveitando a passagem do rio na Fervença desenvolveu-se uma fábrica de papel, onde mais tarde os Frades vieram a construir um lagar de azeite e no século XVIII até as evasões francesas existiu uma fábrica de tecidos que se celebrizou pelos “lenços de Alcobaça”.Esta fábrica criada na proximidade do rio e aproveitando a sua força motriz foi possivelmente o impulso para em 3 de Fevereiro de 1875 ser criada a Companhia Fiação e Tecidos de Alcobaça, Lda, empresa esta que teve uma importância extrema para o desenvolvimento da Maiorga, Alcobaça e outras freguesias limitrofes. Esta fábrica, inaugurada a 2 de Fevereiro de 1878, laborou durante 120 anos tendo passado ao longo deste tempo por períodos aureos mas também por alguns períodos de instabilidade, até que em 1998 encerrou definitivamente as suas portas.

 

Açude da Fiação

O açude “da Fiação” foi construido em meados do século XVI ajusante da confluência dos Rios Alcoa e Baça. Este açude bastante imponente para a época, teve uma importância muito significativa em dois tempos distintos.

Primeiro, na alimentação de um engenho de fabrico de papel, três moinhos de cereais e um lagar de azeite. Segundo, no ínicio do Século XX a energia por ele fornecida alimentou a central da Fiação e Tecidos.

A bacia hidrografica que liga os concelhos de Alcobaça e Nazaré está directamente associada aos diferentes engenhos que integram um sistema de rega que ainda hoje se mantem nos campos da Maiorga e que foram e são importantes na economia, ecologia e na história social e humana da região.

Na margem esquerda do açude, ainda hoje está presente a Mata da Piedade que lembra a importância silvicola do território.

Bibliografia:

  • “Por Terras dos Antigos Coutos de Alcobaça”, Maria Zulmira Albuquerque Furtado Marques, 1994
  • “Maiorga: do 1º foral (1314) aos nossos dias”, Domingos José Soares Rebelo, 2006
  • “Fios que teceram a cidade”, Leonor Carvalho, 2008